terça-feira, 8 de abril de 2008

Políticos monarcas


Publicado em 08.04.2008
Rivaldo Paiva
paiva.rivaldo@hotmail.com


Meu coração anda enfraquecido. Nossas emoções estão se tornando mais tristes – o desencanto de viver num mundo violento – momento tão cruel deste meu doce País.
O que mais amargura é esse inútil comportamento da maioria dos nossos políticos, trovões acintosos e hipócritas em palavras desprezíveis à inteligência de uma significativa parcela da população.
Passaram-se anos e governos, testemunhamos revoluções, golpes e quarteladas, expulsamos invasores e gritamos independência – não sei de quê, criamos mitos, reis e rainhas urbanos e suburbanos, adubamos ignorâncias e falta de educação, velamos milhares de brasileirinhos natimortos por falta de assistência médica, deixamo-nos dormir desastradamente quando a corrupção contaminava, célere, a aridez molambenta dos tapetes de poderes constituídos, nunca aprendemos a cantar a nossa pátria amada completa, rimos com uma cidadania esquecida, votamos em pestes falastronas e não aprendemos ainda a sufragar, parcimoniosos, por isso decadentes que somos, o antídoto democrático para debelá-los – surrealistas de várzeas pardacentas e lamacentas, também andrajosos, a surrupiarem nossa consciência.
Malditos sejam esses políticos que nos consomem. Todos querem ser monarcas.
Vivemos no melhor país da face da Terra, e longe de procurarmos ser felizes, quedamo-nos a legisladores e mandatários aproveitadores, caras-lisas – como de paus – frios tais pedras que nunca saem de seus lugares, salvos para nos ferir.
Se já não bastasse, há gasto de tempo em palminhas para as bundinhas televisivas, axés e raps – programas de auditórios ridículos com apresentadores retraçados de idiotices – e ainda temos que estar atentos para a nossa segurança.
De quando em vez, chocamo-nos com noticiários ao vivo, mortes, incompetência e “revoltantes pronunciamentos” dos nossos governantes - principais responsáveis pela falta de preparo profissional em dezenas de segmentos oficiais. Ora, ora! Nunca deram atenção às prioridades constitucionais, básicas, do nosso País... A educação e a cultura – o resto é conseqüência. Passamos, isso sim, por uma bruta crise de incompetência.
Urge que olhemos com a maior atenção para os jovens do nosso Brasil. Pois saibam tantos quantos lerem esta minha opinião, que os índices anuais de mortalidade por violência neste grande torrão estão aproximadamente em 50 mil pessoas – com espetacular maioria de jovens: vítimas e assassinos. Há séculos, estudos históricos feitos em diversos países, mostram que os jovens sempre foram mais violentos. Porquanto, a associação entre juventude e violência é antiga. É tão generalizada que Hirschi e Gottfredson, em 1983, num trabalho clássico, Age and the explanation of crime, afirmaram que não há teoria satisfatória do crime, porque nenhuma explica esta associação e suas variações no tempo e no espaço.
Que jovens monarcas são esses, que não cultivam sonhos e flores? Bom seria que imitassem o então moço Honoré de Balzac, depois célebre romancista francês, que recusou, peremptório, a sugestão do pai, que queria vê-lo político.
“Quero ser literato”" - respondeu.
“Meu filho, para ser literato, ou rei ou nada.”
“Então, pai... Eu vou ser rei.”
Que bom que tivéssemos esses tipos de reis a mandarem em nós.
PS - Gostaria de registrar a beleza de trabalhos do grande artista plástico Péricles Paiva, agora com atelier em Gravatá, expondo à venda suas mais belas obras, que por muito tempo faz sucesso no Estado, no Brasil e no mundo. Parabéns a este pintor maior, que apesar do sobrenome, infelizmente não é meu parente em nenhum grau. Que pena, não ter essa honra. » Rivaldo Paiva é escritor.